Efeitos renais dos Anti Retrovirais

A TARV atual apresenta bom controle da doença, no entanto, não carece de efeitos colaterais, incluindo efeitos deletérios sobre função renal e potencial nefrotoxicidade.

– Inibidores da Integrase (II) –

Os novos II (Raltegravir, Dolutegravir e Elvitegravir) bloqueiam a integração do material genético do HIV ao DNA humano, essencial na replicação viral. ⠀
Podem causar aumento na Creatinina (SCr) nas primeiras 2-3 semanas de tratamento, não progressivo. Pode haver redução na TFGe no uso de Dolutegravir em até 16,5 mL/min e 5,4 mL/min no Raltegravir.⠀
O mecanismo consiste na inibição do Organic Cation Transporter 2 (OCT2) na porção basolateral no Túbulo Proximal. Semelhante à Cimetidina, bloqueiam a captação tubular de SCr, levando ao seu aumento e queda na TFGe.⠀
Existem relatos de associação de Raltegravir e Rabdomiólise.

– Tenofovir –

O Tenofovir Disoproxil Fumarato (TDF) é utilizado como tratamento de 1ª linha, pode causar lesão tubular proximal, incluindo síndrome de Fanconi e declínio progressivo da função renal.⠀
Os achados patológicos incluem lesão tubular aguda, com anormalidades mitocondriais nas células tubulares.⠀
O Tenofovir Alafenamida Fumarato (TAF) é uma pró-droga, atualmente em fase 3, com potencial melhor perfil renal por não se acumular no túbulo proximal devido à baixa afinidade aos transportadores OAT.

– Atazanavir –

Inibidor de protease (IP), habitualmente associado a Ritonavir, aumenta risco de Nefrolitíase (cálculos radiotransparentes). Pode levar a disfunção tubular proximal e nefrite túbulo-intersticial.

– Dicas:

1. Deve-se estar atento a elevações na SCr nas primeiras semanas de introdução das novas drogas. Não ocorre declínio da função renal após esse período. Não há proteinúria ou hematúria.

2. Atenção a achados de disfunção tubular proximal (glicosúria, fosfatúria, acidose).

3. IP (Indinavir, Lopinavir e Atazanavir) são associados à litíase renal.

4. Muitos fármacos interferem com a secreção tubular de creatinina levando a diagnóstico errôneo da disfunção renal a partir de medidas da SCr e TFGe. Em casos de dúvida da TFG verdadeira pode-se medir o ClCr por outros métodos (iohexol).

por Ivens Stuart

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