Prurido é uma queixa frequente em pacientes com doença renal crônica avançada(DRC), sendo responsável pela diminuição da qualidade de vida desta população. Assim, é importante questionar sobre sua presença. Com incidência média de 35% na população dialítica, cerca de 18% dos pacientes precisam de conduta ativa para controle dos sintomas.
Estudos mostram diversos fatores associados:
inadequação em diálise, hiperparatireoidismo, relação do produto cálcio x fósforo elevada e ressecamento da pele por exemplo.
Enquanto hipóteses mais recentes direcionam patofisiologia relacionada a inflamação sistêmica na DRC levando a distúrbios dos receptores opióide. Alguns estudos evidenciaram a maior presença de Linfócitos T Helper (LTh) e citocinas pró-inflamatorias em pacientes sintomáticos quando comparado a pacientes assintomáticos. Como consequência ocorre desequilíbrios na expressão dos receptores “Mu” e “Kappa”, sendo o primeiro ativado e o segundo suprimido.
Estudo publicado recentemente no NEJM estudo fase 3 “KALM-1” (multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo) avaliou a droga Difelikefalina: agonista seletivo dos receptores Kappa opióde. Foram incluídos 378 pacientes em hemodiálise que apresentavam prurido moderado e grave para Difelikefalina intravenosa (0,5 μg/kg) ou placebo três vezes por semana durante 12 semanas.
82 pacientes (51,9%) no grupo Difelikefalina apresentaram diminuição de pelo menos 3 pontos no escore WI-NRS(The Worst Itch Numeric Rating Scale) em comparação com 51 (30,9%) no grupo placebo (P <0,001). A difelikefalina também resultou em melhora significativa qualidade de vida dos pacientes ao final da 12ª semana.
Esperamos novos estudos para afirmar esses resultados e mudar a qualidade de vida dos nossos pacientes.
Por: Gabriel Barsotti